terça-feira, 19 de agosto de 2008

Por Sidh, para Gonzaga

por maneco nascimento

O dia 13 de Agosto de 2008 fechou com o Theatro 4 de Setembro o dia de cerco da arte conspiradora ao datarem a estréia de Sidh Ribeiro e seu grupo de bailarinos experimentando uma releitura, em nova dança, para a memória musicográfica de Luis, o Gonzagão.

Depois de um longo período de preparação do estreado e expectativa demorada do público da cidade, se pode ver a virtuose de assinatura do + novo trabalho de criação coreográfica de S. Ribeiro. Em que se equilibre os pesos e medidas do processo criativo, investigativo, intuitivo-racional de aplicação de conhecimento para letras e sombras do escrevinho cênico, o Tributo a Gonzaga deve ganhar contornos de novos signos para significantes e significados a um texto + dentro da cultura que posterizou o criador homenageado.

Há, na linha divisória de Sidh, novidades como remakes de temas gonzaguianos samplados ao rap e ao tecno. É moderno dentro do velho mundo contemporâneo de experimentações. Fica entre o estranho e o eco do tema pop. Não nega nada, também não afirma tudo que seja + próprio da estética criadora do artista-compositor, mas compõe a interface do coreógrafo-criador e seu corpo coletivo de representação dos rabiscos dramatúrgicos postos em xeque.

Os figurinos soam melhor nas saias longas de algodão trabalhadas. Os vestidinhos de seda/cetim deslocam-se da propriedade original de identidade do autor para ficar no registro da nova proposta. Os corpos parecem estar soletrando o texto ao texto do compositor que, embora subjetivo à criação do coreógrafo, teria que apresentar morfemas, fonemas e sememas + próximos do público comum. Também precisaria perceber melhor as falas e as letras do objeto apresentado. Ninguém é obrigado a só fazer leituras legendadas, mas o discurso da velha nova arte/dança precisa perder-se do conceitual para poucos e gregos. Talvez elaborar o simples que não significa ser simplista e o novo sempre deve obrigações ao primitivo criador. Talvez o norte do artista tenha que recuperar as origens + intestinas e nordestinas, pois que a riqueza criativa e de cultura, invenção do homem, está na raiz, sustentáculo na terra.

O texto coreográfico é virtuoso, de forma e da margem. Talvez não tenha havido tempo de internalização da repetição do tema criado. Em lingüística, o alfabeto internalizado realiza discurso eficiente com ou sem leitura acadêmica. O letramento é de vivência. A linguagem produzida e/ou escolhida no espetáculo parece ter despendido uma apreensão de entendimento de alfabetizado de projeção ligeira, de alfabeto treinado. E quem compreende mal a leitura não consegue eficientemente simplificar a linguagem para todos os ouvintes, assistentes e curiosos.

Houve a ausência não da arte do silêncio, mas do vazio sem o quântico consciente. Espera-se durante todo o espetáculo corpos + falantes de verdades + reais da história musicográfica autoral, com as cores + teatrais e de PhD 7. Não há homem sem sua terra, nem terra sem território natural de cultura apropriada do próprio homem. Talvez o tempo e o tempo das coisas tragam, a seu tempo, o nordeste das letras bem intencionadas a Gonzaga que ainda não saiu, de todo, do exercício criativo de Sidh Ribeiro.

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